Professor da Florence ressalta importância do Bumba Meu Boi para o Maranhão

Professor da Florence ressalta importância do Bumba Meu Boi para o Maranhão

No dia 30 de junho é celebrada nacionalmente essa manifestação cultural
Direito | 30/06/2021
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Neste dia 30 de junho comemora-se o Dia Nacional do Bumba Meu Boi. Patrimônio Cultural do Brasil, a tradição que une em seus rituais o lúdico e o religioso é uma das principais manifestações populares praticadas no país. O Bumba Meu Boi é também um importante símbolo da cultura do Maranhão, estando intimamente ligado à identidade de seu povo. Apesar de ser característico do estado, ele pode ser encontrado em diversas partes do país.

De acordo com o professor do curso de Direito da Faculdade Florence e Secretário de Estado da Cultura e Turismo do Maranhão, Anderson Lindoso, o Bumba Meu Boi é patrimônio imaterial da humanidade e hoje é a festa popular mais importante do estado maranhense.

“Hoje tão popular e abraçada por todas as raças e classes sociais, até os anos 1960 era apresentada apenas nos guetos, na periferia. Era uma festa proibida, marginalizada, impedida de chegar à zona urbana da cidade, pois se tratava de cultura e religiosidade dos negros e mestiços de São Luís diante de uma sociedade que não via com bons olhos aquela manifestação. O crítico Mário de Andrade classificou o Bumba Meu Boi como o primeiro ato nacional de temática lírica, por misturar grupos étnicos. Hoje essa manifestação referencia o Maranhão como um dos folguedos mais importantes do período junino, capaz de trazer em outras épocas milhares de turistas, pesquisadores, estudiosos e cientistas para ver in loco o que é o Bumba Meu Boi do Maranhão”, explica.

O artesanato, os instrumentos musicais, o bordado do couro do Boi e da indumentária dos participantes representam a devoção a São João, São Pedro e São Marçal. Porém, embora esteja muito ligado à religiosidade católica, o Bumba Meu Boi também traz em suas coreografias muitos elementos de cultos afro-brasileiros.

Entenda o Boi

O professor Anderson Lindoso explica que o folguedo mistura personagens humanos e animais fantásticos, girando em torno da morte e ressurreição de um boi. A tradição traz a mistura das culturas africanas, indígenas e europeias em seu enredo. “A história acontece quando o escravo Pai Francisco mata o boi favorito do seu senhor para satisfazer a sua esposa grávida, Mãe Catirina, que desejava comer a língua do boi. Após o desaparecimento do animal e a investigação do crime, o senhor obriga o Pai Francisco a trazer o animal de volta e, com a ajuda de pajés e curandeiros, o boi volta à vida e uma grande festa é realizada para celebrar o ato”, conta.

Encontrado em todas as regiões brasileiras, o Bumba Meu Boi recebe diferentes nomes e contém características específicas conforme o estado onde é praticado. Bumba meu boi, Boi bumbá, Boi Surubi, Boi Calemba, Boi de mamão, Boi Pintadinho, Boi Maiadinho, Boizinho, Boi Barroso, Boi Canário, Boi Jaraguá, Boi de Canastra, Boi de Fita, Boi Humaitá, Boi de Reis, Reis de Boi, Boi Araçá, Boi Pitanga, Boi Espaço e Boi de Jacá são algumas das nomenclaturas utilizadas pela brincadeira do boi nos estados.

Na região Norte, nos estados do Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima, festeja-se o Boi bumbá durante o ciclo junino, assim como no Maranhão, onde é chamado de Bumba meu boi, Bumba boi, Bumba ou simplesmente Boi. Em outros estados, o Bumba Meu Boi mantém a nomenclatura maranhense, mas o ciclo de festas é celebrado no período natalino.

Segundo o professor Anderson Lindos, o Bumba Meu Boi que se faz no Maranhão é único. Ele explica que são cinco sotaques. “A divisão é feita por ‘sotaques’, que são os ritmos tocados no Bumba Meu Boi. Orquestra, costa de mão, zabumba, matraca e baixada, cada um com seu bailado, instrumento, coreografia, indumentárias e toadas (composições). Isso torna a manifestação ímpar no universo do folclore brasileiro, o que só mostra a riqueza do folclore maranhense. Essa rica diversidade faz o diferencial na manifestação cultural popular do Maranhão e, por conseguinte, é a referência do estado perante o país quando se fala de folclore e cultura popular”, afirma.

Patrimônio Imaterial

Como parte do reconhecimento da relevância do Bumba Meu Boi para a cultura nacional, o Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou, em 2017, por unanimidade, a candidatura do Complexo Cultural Bumba Meu Boi do Maranhão para a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Em novembro de 2019, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu o Bumba Meu Boi do Maranhão como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, durante uma cerimônia realizada em Bogotá, na Colômbia.

O Bumba Meu Boi agora é o sexto bem brasileiro a integrar a lista internacional, junto com a Arte Kusiwa – Pintura Corporal e Arte Gráfica Wajãpi (2003), o Samba de Roda no Recôncavo Baiano (2005), o Frevo: expressão artística do Carnaval de Recife (2012), o Círio de Nossa Senhora de Nazaré (2013) e Roda de Capoeira (2014).

De acordo com o professor Lindoso, o título fortalece a autonomia dos grupos da manifestação, promove mais ações de educação patrimonial, amplia pesquisas acadêmicas e aumenta a geração de renda. “Ter uma manifestação cultural como o Bumba Meu Boi reconhecida como Patrimônio Imaterial Cultural da Humanidade é muito importante para os maranhenses porque envolve a valorização e o reconhecimento da cultura e das nossas tradições. Eleva a nossa expressão cultural a um rol de tradições culturais reconhecidas internacionalmente e nos aproxima do turismo internacional, pois nos reconhecem como unânimes, ou seja, não há manifestação cultural como a nossa”, finaliza.

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